terça-feira, 9 de junho de 2015

Um país onde o relacionamento afetivo e sexual entre um homem e uma mulher é proibido.

    No país de Blowminsk

    Blowminsk é um país onde se proíbe o relacionamento afetivo e sexual entre pessoas de sexo oposto. Um homem não pode sentir desejo, atração ou tesão nem amar romanticamente uma mulher. E a mulher também não pode sentir desejos afetivos/sexuais por um homem. Os bebês são gerados em provetas e inseminados artificialmente, dando opções maiores aos pais sobre as características que poderão desenvolver. Existem pessoas que tentam quebrar as regras de Blowminsk, relacionando-se com pessoas do sexo oposto ao seu, mas elas são excluídas da sociedade e vivem em guetos.
     Ivan e Marina moravam em Blowminsk e frequentavam a mesma escola. Um dia, perceberam que algo estranho estava acontecendo entre eles. Tentaram disfarçar, mas foi inevitável que acabassem conversando sobre o desejo que estavam sentindo um pelo outro. Sentiram-se muito angustiados, porque perceberam que eram diferentes das outras pessoas, seus pais não aprovariam e talvez fossem até expulsos da escola. Marina e Ivan tentaram não deixar que a atração se transformasse em atitude. Mas uma tarde, voltando para casa, não resistiram e, depois de se esconderem atrás de algumas árvores em um parque, beijaram-se apaixonadamente. Eles estavam próximos ao colégio onde es- tudavam. Os amigos de Ivan, que estavam jogando ali perto, viram a cena e ficaram horrorizados. Xingaram Ivan de “hetero” sujo e deram-lhe alguns pontapés. A direção da escola ficou sabendo e imediatamente os expulsou da instituição, para que não contaminassem os outros alunos.
Os dois pais de Ivan mandaram-no embora de casa, indignados. Marina teve mais sorte. Foi encaminhada para um psicoterapeuta, que explicou à família que os sentimentos de Marina por Ivan não eram doença nem opção. Esclareceu que ela era normal, igual às outras mulheres, e que a diferença estava em quem ela desejava para amar. [...] Mesmo assim, as duas mães de Marina pediram que ela não se relacionasse mais com alguém do sexo oposto ao seu. Marina, mesmo sabendo que era normal e igual às outras pessoas, sentiu-se indignada por haver sido rejeitada só porque amava diferente, enquanto os amigos que a haviam agredido não tinham sofrido qualquer repressão.
       Ivan tentou se relacionar com outros meninos, cumprindo o que era esperado pela sua família e pelas normas e valores de Blowminsk. Resolveu não viver mais o seu desejo até que pudesse ser independente. Marina continuou a procurar alguém que sentisse o mesmo que ela e amigos que respeitassem o seu desejo.


 (Adaptado de Picazio et alii, 1998, p. 36-37).

Um comentário:

  1. Roda de Conversa com o 9 ano
    Ninguém escolhe sua orientação sexual. A orientação sexual – seja homo, hetero ou bissexual – existe sem que tenhamos controle direto sobre ela. Por isso mesmo, não é correto dizer que seja uma “opção sexual”. Muitas/os homossexuais percebem desde muito cedo o que sentem. Outras/os só mais tarde em suas vidas descobrem o que seus sentimentos querem dizer. Portanto a informação pode contribuir para diminuir a discriminação e o preconceito para com pessoas homo e bissexuais.

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